POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

sábado, abril 10, 2010

FERNANDA PEDRAZZI — Fernanda Gautério Pedrazzi nasceu em Porto Alegre, onde reside. Formou-se em Direito pela PUC/RS. Estreou aos 12 anos com “O Amor, o Ódio”, poema que integra seu 1º livro individual “Espelho de Estrelas”, publicado em 1998. De 1992 a 1997, fez parte de Coletâneas Poéticas. Em 2000, autografou a Antologia Paulista alusiva aos 500 anos do Brasil, na XVI Bienal Internacional do Livro de São Paulo; em 2001, escreveu sua 1ª aventura infantil “Gabriel, uma História de Amor à Natureza”; 2003 - “As Quatro Estações”, 2º conto infantil, coleção em 4 mini-volumes e “Cristalino D’Alma”, 2º livro de poesias. Em 2004, recebeu o Prêmio Academia Internacional Literária Italiana, tendo obtido o 2º lugar, na categoria, com o poema “Sentimento”; 2007: participou da XIII Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, autografando suas publicações individuais, tendo publicado, após, seu 3º livro de poesias “Olhos de Esmeralda”. Em 2008, estará lançando “Viagem Através dos Ventos” - 4º livro de poesia, o qual será autografado: na 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo e na 54ª Feira do Livro de Porto Alegre/RS - Edição 2008. Em 2009, lançou, na XIV Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, seu 7º livro de poesias, intitulado “Memórias ao Vento”, pela All Print Editora. Posteriormente, lançou na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre (2009) seu 8º livro de poesias, cujo título é “Caminho das Águas Tranquilas” e, também, seu 3º livro infantil “Lara e o Caleidoscópio”, ambos de Edição independente.

SONETO MARES E CÉUS DE POESIA

© FERNANDA PEDRAZZI

Ó mares de horizontes navegados
Tablado da Odisséia de Titãs
Mar bordado de sonhos naufragados
Também rendas tecidas… de conquistas e afãs…

Ó mares fôsseis guardar essas façanhas
Em teus portais ventres recônditos segredos
Como se Cabral e Colombo tivessem medos
De velejar e vislumbrar essas montanhas…

E assim, ó mares, ficam pistas… guerreiros - ficam eras
Não derrotas, mas gigantes marinheiros
Colossos, sim, de vitórias, não de quimeras

E a história fica prenhe de magia
Mares navegantes, brilhos luzentes dos deuses,
Alimentando os céus ensolarados da poesia!


CARMEN REGINA DIAS — Segunda filha de uma ninhada de sete. 57 anos, geminiana, ascendente escorpião. Amo meus pais, Maria Aparecida e Antonio Dias. E amo meus filhos, Iris, Pedro e Jade, Sanjaya (Mimisan) e Safira, meus gatos. Publicitária, desde sempre, atuo na Criação. No mais, sou amante dos Oráculos, dos amigos, da natureza, vegetariana e defensora dos animais. Se o zen me escapa no ponteiro do momento, não me dou por vencida, colo no próximo instante. Sou poeta, tenho asas no olhar e nas pontas dos dedos. Nada mais.

ÂNFORA SUBLIME

© CARMEN REGINA DIAS

Ó, nobre bardo!
Quão suave é o néctar que bebo em vossa taça!
Quão fluida e sutil sabe-me a essência de vossas uvas!

Embriaga-me o sabor de vossos versos,
líquido precioso transportando o calor
dos vossos pés
ao mais recôndito de meus átomos;
à intimidade das minhas menores partículas,
e até mesmo ao espaço entre elas.

Sinto a delicadeza do jade que reveste
a vossa ânfora sublime,
na poesia que dança na ponta de vossa língua


ÁLVARO SANTESTEVAN — Nascido em Encruzilhada do Sul/RS, em 05/11/1960, está radicado em Camaquã/RS há 40 anos. Publicou pela Editora Movimento (Porto Alegre/RS) “O Poder no Sótão & Cinco Poemas Amarelos”, em 1987, além de participações em diversas antologias. Licenciado em Letras pela Fundasul / Fafopee – Faculdade de Formação de Professores e Especialistas em Educação, desenvolve várias atividades ligadas à literatura. Idealizou e fundou juntamente com alguns sonhadores a CAPOCAM – Casa do Poeta Camaqüense, em 1989, e desde então vem empreendendo um trabalho sério a serviço da educação e da cultura.
Em 2006, editou com apoio da LIC, na XXVI Feira do Livro de Camaquã, durante a gestão da secretária de Cultura, Solange Renner, o livro: “O poema é uma criança desobediente”. Neste mesmo ano, durante as comemorações do centenário de Mario Quintana, musicou dez poemas do autor, tendo os apresentado em escolas e eventos culturais do município.

CANÇÃO

© ÁLVARO SANTESTEVAN

eu quero cantar um poema não necessito de instrumento
há música bastante na minh’alma
uma melodia silente que me embala
me deixa contente
faz de mim a poesia que eu sou

é um poema sem rima sem nexo
assim como eu sou

mas o que lhes interessa a lira de onde tiro as notas
do que eu sou?
porque cada um existe sem se importar com o sentir alheio
esta é a nossa sina
de viver para si num tom egoisticamente menor

mas na música assim como na vida há os tons maiores
como o sol que ilumina

compassos altruístas que nos ensinam
uma caminhada menos sofrida
por isso estes versos sentidos que danço no ritmo
que está na minha memória
que ouço quando devo escutar
que sinto quando tenho de amar

que vos digo quando preciso simplesmente cantar.


VERA KONFLANZ ESCOBAR — Natural de Camaquã, nasceu em 08 de fevereiro de 1955. Funcionária pública federal do Ministério da Saúde. Recebeu o 1º lugar no concurso de redação sobre a 39ª Festa da Gastronomia do Arroz. Tem trabalhos publicados em jornais e na revista “Cidade da poesia” edição especial dos 20 anos da Casa do Poeta Camaquense, entidade da qual faz parte da atual diretoria.

OUTONO

© VERA KONFLANZ ESCOBAR

No outono
as folhas murcham e caem
são sopradas pelo vento
fenômenos da estação

As folhas rolam
e desenrolam pelo chão
voam sem destino pelo vento
desalinhadas e descoloridas pelo tempo
vivenciando
os cálidos dias outonais

Aprecio o balé
das folhas em agonia
rodopiando ao sabor do vento
formando vibrantes redemoinhos
que embelezam nosso caminho.

Na calmaria dos ventos
formam lindos e formosos tapetes
colorindo o chão jogados ao léu
unidos pelo sereno
que encobre o céu
vão adubar a terra
que a natureza encerra
milagres da nova estação.


ROGER TAVARES — Roger Silva Tavares, 34 anos, nascido e residente em Camaquã/RS. Formado em Ciências Contábeis e Letras, tem Pós-Graduação em Supervisão Educacional. Escreve poesias e já teve alguns trabalhos publicados no jornal Zero Hora, na Antologia Poética da CAPOCAM em 2004, no livro Poeta, Mostra a tua Cara de 2008 e na revista Cidade da Poesia em 2009. Atualmente leciona Português/Inglês para turmas do ensino fundamental, escreve a coluna semanal ‘Português & Poesia’ no jornal Tribuna Centro-Sul e mantém no ar o site www.portuguesepoesia.com

PERMITA-ME

© ROGER TAVARES

Permita-me descobrir
O teu íntimo e
Fazer de mim
O teu viver

Permita-me
Encontrar em ti
A doçura do amor
E fazer de mim
O sol que aquece o
Teu coração

MARCELO WALLAU — Marcelo Osório Wallau, nascido em Porto Alegre em 11 de maio de 1988, mas criou-se em Santana do Livramento, interior do RS, onde teve desde pequeno contato com o campo e morou até os 16 anos. Criado na fazenda, sempre gostou das artes literárias, mas despertou sua alma poética ao ver-se afastado das origens, tendo que morar na cidade grande em 2004, quando morou no exterior e depois mudou-se para Porto Alegre para terminar de cursar o ensino médio no Colégio Rosário. Atualmente é estudante de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Publicou seu primeiro livro, “Tropa de Versos, meus olhos de ver o mundo...” em 2008, onde traz uma coletânea de poesias de âmago tradicionalista gaúcho. Marcelo transmite nas suas poesias fragmentos da infância na fazenda, em Santana do Livramento, de suas andanças e da vida atual, em Porto Alegre, através de relatos de cenas campeiras, paisagens interioranas e retratos de sentimentos.
Mantém um blog atualizado com suas poesias e andanças pelo mundo:
www.marcelowallau.blogspot.com

PSICOLOGIA CAMPEIRA

© MARCELO WALLAU

Te olho aqui perto
Mas enxergo ao longe
E ali fico entretido
Pensando na vida e n’outros
Me consolo vendo o fogo
Que neste rubro braseiro
Analisa o campeiro
Sem dizer palavra alguma

O estampido das labaredas
E o chiar de lenha verde
Sussurram algumas palavras
Que ainda não posso entender
E assim fico pensando
Nas brasas acho respostas
E o fogo ali escutando
O que na mente me brota

E nesta vã filosofia
De devaneios de um taura
Onde a mente asas cria
E nem por laço pára
Viajo por melodias
De acordes de guitarra
Lido com potros e gadaria
E a prenda tão pouco cala

E fico imaginando se Confúcio
Ou – do Jayme – o negro Lúcio
Ou algum dos maiorais
Tinha esses costumes baguais
De se consultar no braseiro
E filosofar ouvindo o canto
Pois só pode ser o fogo
O psicólogo do campeiro


FRANCISCA PINHEIRO FERNANDES — É natural de Bagé/RS. Advogada, atualmente reside em Camaquã. Segundo ela, seus poemas são um apanhado de versos rimados onde procura extravasar sentimentos e emoções. A descoberta do gosto pela poesia deu-se ainda quando criança e passou a guardar seus versos nas gavetas. Participou de algumas coletâneas e acredita que “toda vez que a inspiração bate na porta do coração de uma mulher, faz resplandecer a aurora da vida, como gotas de orvalho, que vão caindo nas asas do vento...”

TEUS OLHOS

© FRANCISCA PINHEIRO FERNANDES

Os teus olhos
são estrelas
prontas para iluminar
os passos de uma mulher
feita só para te amar.
Os teus olhos
são como o sol,
brilhando cada segundo.
Tão doce este teu olhar,
a melhor coisa do mundo,
brilhante raro como o cristal.

ANCILA DANI MARTINS — É natural de Flores da Cunha, RS, e reside em Canoas, RS. Licenciada em História, pela Unisinos, Pós Graduada em Métodos e Técnicas de Ensino e Especializada em História do Rio Grande do Sul pelo Celes. Em São Paulo, concluiu o Curso de Pastoral em Nível Superior pela Província Marista. Foi aluna da Escola Superior de Guerra, com Ciclos de Estudos de Politica e Estratégia. Iniciou a carreira de magistério em Vassouras, no Rio de Janeiro RJ. Em Canoas, lecionou no Celes, no Centro Educacional La Salle, no Colégio Cristo Redentor e E. E. Carlos Chagas. Foi diretora da E.E. André Leão Puente. Co-organizadora, em 2006, do livro “Nas asas da poesia – I Coletânea e Poemas” dos alunos da EJA – Smec/Canoas, resultado do projeto “Centenário de Mário Quintana”, do qual participou como oficineira.
Recebeu o 1. lugar na categoria poesia na comemoração dos 50 anos do CSSGAPA. Na Feira do Livro de 2008, lançou sua primeira obra: “Expressando Sentimentos”. Atua na E.E.E.M. Margot Terezinha Noal Giazomazzi. É membro da Casa do Poeta de Canoas.

CONSIDERE POSSIBLIDADES

© ANCILA DANI MARTINS

Cultive sonhos.
Tenha sempre algo a fazer
dê um abraço, abra um sorriso.

Considere possibilidades

Na busca de metas, viva compaixão, perfeição
Escale uma montanhe, conte estrelas,
Desça um vale florido para banhar-se
em suas límpidas e perfumadas fontes.

Considere possibilidades

Sinta a energia da Mãe Natureza,
sintonize sua música em contemplação
Tenha a leveza e o fazer do beija-flor
dance com a orquestra das borboletas.

Considere possibilidades

Perdoe-se, - sempre perdões...
Semeie em todos os campos, - é possível...
e a seu tempo
dispensará flores e frutos.

ALCIONE SORTICA — Gaúcho de Cachoeira do Sul, reside em Porto Alegre desde 1967. Bacharel em Ciências Contábeis. Ex-Auditor Fiscal do Tesouro Nacional. Aposentado/1990, dedica-se à música, pintura a óleo e literatura. Tem contos, poesias e crônicas publicados em Antologias, Coletâneas, Revistas, Jornais e sites da INTERNET, com diversos trabalhos premiados. Ativista cultural. 1º Secretário do Instituto Cultural Português. Cônsul de Auxiliadora / P. Alegre do Movimento Poetas Del Mundo. Coordenador da Área de Cultura do Proyecto Cultural Sur Brasil. Ex-membro da Diretoria da Casa do Poeta Rio-Grandense. Faz parte do Grêmio Literário Castro Alves e Instituto Estadual do Livro. Um dos 15 Renascidos, fundadores da Revista Literária Trimestral CAOSÓTICA, de Porto Alegre. Escreve regularmente para os Jornais Igaçaba, de Roque Gonzáles, RSletras de Porto Alegre e Jornal do Povo de Cachoeira do Sul.
Livro do autor: “Cacos do tempo”- contos – poesias - crônicas” - 1ª Ed. 2005 Lema: “Poesia - Grito de esperança por um mundo melhor”.

PRECE

© ALCIONE SORTICA

Num mundo onde grassa a corrupção,
obrigado, Senhor,
pelos que detêm o poder
e, ainda, lutam para continuarem honestos.
Por aqueles que não põem a honradez à venda,
seja à vista, a prazo, pré-datado, no cartão...
Num mundo de gananciosos,
soberbos, egoístas,
Te agradecemos, Senhor,
pelos desapegados,
pelos amigos sinceros,
pelos que praticam a caridade,
pelos humildes, pelas almas puras,
pelo povo simples.
Num caldeirão de desesperanças,
grato, Senhor,
pelos que ainda têm a coragem de esperar.
Num mundo de iconolatria,
materialismo, exibicionismo,
obrigado, Senhor,
pelos espiritualistas,
pelos que meditam,
por aqueles a quem amamos,
e por aqueles que nos amam,
e, sobretudo,
pelos que ainda acreditam.
Num mundo onde muitos
só pensam no estômago,
obrigado, Senhor,
pelos que ainda possuem um coração.
Numa era de guerras, carnificinas,
ódios descabidos, torpes vinganças,
como Te agradecer, Senhor,
pelas famílias, pelas boas lembranças,
por um sorriso franco, pelos pássaros,
pelas nossas crianças?
Num mundo de ódios raciais, de lutas religiosas,
de inconcebíveis preconceitos e constantes desavenças,
graças Te damos, Senhor,
pelos amigos de todas as idades, de todas as raças,
de todas cores e de todas as crenças.
Num mundo de governos destrambelhados,
de discursos vãos, caras-de-pau,
arautos funéreos, falsos profetas,
valores às avessas,
não sabemos como Te agradecer, Senhor,
pelos que ainda mantêm a ética,
cultivam a verdade,
cumprem suas promessas.
Puxa, quase esqueço!
E obrigado, também, pelos poetas...


FRANCISCA IZABEL DE FARIAS — Nascida em Camaquã, a 24 de janeiro de 1947. Filha de Estanislau Bukowski e de Sezinia dos Santos Bukowski, família que descende do pioneiro José Bukowski, iealizador do Cine Teatro Coliseu de Camaquã. Amante da música, da poesia e da natureza que murmura no Paraíso, onde vive rodeada por seus jardins, deslumbrando-se com o horizonte que lhe inspira.

ANOS DOURADOS

© FRANCISCA IZABEL DE FARIAS

Agora um sol dourado afaga meus cabelos,
Cobrindo fios de prata - sutis beijos da lua.
O raio que me doura, assim, também atua,
Como um bálsamo: ungindo meus desvelos...

Embora a lua insista em pratear madeixas
O meu corpo fremente de mulher: protesta...
Na química está a máscara que resta
Para ocultar mazelas e sonegar as queixas

O tom azul do céu estampa-se em meus olhos.
As marcas destes anos vincaram meu olhar
Em meio a tantos danos ouso sonhar...

Sessenta anos dourados... afloram-me na tez.
Contemplando as estrelas, banhando-me ao luar,
Eu sigo conjugando: amar mais uma vez...

EVANIR ALVES (ENA) — Natural de Camaquã, onde nasceu em 28 de março. Ingressou recentemente na CAPOCAM e participou do suplemento literário “Cidade da Poesia”, comemorativo aos 20 anos da entidade. Assistente da empresa multinacional Forever Living Products Brasil, membro da diretoria da Associação Comunitária Amigos dos Três Bairros e integrante da Associação Comboio Amigo Sul América.

ESCRITO NAS ESTRELAS

© EVANIR ALVES

Sarcasmo dos anjos
Ironia do destino
Amar-te agora
Sentir-te assim
Tão puro
Desnudo
Inocente
Desabrochando em mim
Invadindo minhas entranhas
Tomando de assalto meu coração
Cartas marcadas
Vidas traçadas
O que importa?
Se teus olhos me guiam
Tuas mãos me extasiam
Teu corpo me alucina
Se me ateias fogo
E me fazes arder
Em paixão!


EVANDRO GOMES — Evandro Marques de Souza Gomes nasceu em Porto Alegre em 11 de agosto de 1958. Foi o precursor da poesia modernista em Camaquã com a edição de “Cacos & Insetos”, em 1979. De lá para cá tem evitado ser manchete literária vindo a publicar somente quando são lançadas coletâneas da CAPOCAM. Atualmente tem recebido visitas poéticas quase que diárias, e apesar da crise mundial pretende publicar um novo livro.


AS RUAS DA INFÂNCIA

© EVANDRO GOMES

Havia uma praça
que exalava jasmineiros e fantasias
Havia uma bola que nunca
chegava viva ao fim do dia
Havia um quintal que cabia
por inteiro na palma da mão
Havia um esconderijo
que acolhia toda infante rebeldia
Havia um desejo sempre maior
do que podia o coração


EULÁLIA SCHNEIDERS POCHMANN — A poetisa Eulália Schneiders Pochmann é natural de Arroio do Meio, região do Alto Taquari, RS, é professora, empresária do ramo de confecções, e hoje, acadêmica de Letras, tendo por objetivo adquirir mais conhecimentos para exercer a crítica literária. Foi presidente da CDL e Secretária Municipal de Desporto e Turismo de Rosário do Sul, RS, onde também desenvolveu atividades nos Centros de Tradições Gaúchas. A poesia acompanha Eulália desde a infância quando começou a desenvolver o gosto pela leitura e escrita. Seus temas preferidos são o universo do ser humano, a natureza, os sentimentos, o amor e a realidade do dia a dia, refletindo uma poética essencialmente humanista. Eulália é sócia da Casa do Poeta Rosariense, Poebras, onde participa como Diretora de Eventos Culturais. Fundou nesta cidade o movimento literário “Vertentes” e organizou uma coletânea de poetas de Rosário do Sul.

A MAGIA DO BEIJO

© EULÁLIA SCHNEIDERS POCHMANN

O beijo...
É envolvente... Muito atraente.
Verdadeiramente... Apaixonante
E porque não dizer... O beijo é provocante

O beijo, bem sabemos, é mágico.
Pode até ser trágico,
Fingido, beijo de Judas... Traidor.
Mas também, pode ser um beijo cheio de amor.

O beijo é um elo de conexão.
O beijo... Estratégia de magia e sedução
Um contato físico, uma aproximação,
Bem como o beijo pode ser de reconciliação
Regado de forte emoção.

Geralmente o beijo é um símbolo de amor.
De um sentimento comum ou acusador
Do desejo ardente, o beijo é revelador.

Beijar...
É um ato, um hábito, pré-histórico,
Técnica usada por todos, até pelos mais folclóricos.

Da troca de olhares...
Aos mais aguçados paladares.
O beijo pode ser técnico, fingido, ardente,
Fervoroso, burocrático, estalado, apaixonado, provocante...
Beijo de amor, beijo de amigo, beijo de criança.
Mas, com certeza, em todo beijo existe esperança.


EROTILDES RIBEIRO CITRINI (Erô) - Professora da área de Letras, nascida em São Lourenço do Sul. Muito cedo começou a escrever: versos e crônicas que perderam-se em cadernos amarelados. Atuou em escolas estaduais e nas Faculdades mantidas pela FUNDASUL. Considera-se uma poeta aprendiz, nascida fora de sua época, pois o amor é seu principal assunto, embora hoje procure também enveredar por outros caminhos. Exerce o segundo mandato no exercício da presidência da Casa. Tem poemas publicados na antologia “Poesia pela paz” da CAPOCAM, nos volumes 5 e 6 da coletânea “Poeta, mostra tua cara” e na revista literária “Cidade da poesia”.

VÍCIO

© EROTILDES RIBEIRO CITRINI

Um silêncio de civilização
Paira no ar
A angústia do sem
Perpassa o olhar...

Sem o apito da fábrica
O barulho dos carros
O som dos alto-falantes
O burburinho das pessoas
O ranger de velhas e novas engrenagens...

Um sonhado brinquedo infantil
Une o antes e o agora
A calmaria do apenas
Brinca de roda

Apenas o balanço dos galhos
O ir e vir das areias
O marulhar das águas
O canto do bem-te-vi
O bater de asas do beija-flor
A inquietude...

Implacável droga
Dos sons
Do estresse
Do progresso...


ERENITA CLARO ÁVILA — Casada, três filhos, 63 anos. Quarenta anos dedicados ao Magistério Público. Alfabetizadora, sindicalista, poetisa, professora de Português e Literatura. Artista plástica, pesquisadora da História do Município para o Curso Fundamental. Bibliotecária na E.E.E.F.Manoel da Silva Pacheco em Camaquã, é uma das coordenadoras da Semana do Livro na escola, em sua 8ª edição.

MEU CORAÇÃO MIOSÓTIS

© ERENITA CLARO ÁVILA

Meu coração é simples
Pode morar fora de mim, num miosótis
Até ele formaria um mundo azulado
Ali todos seriam bem recebidos e fraternos
O aroma seria de outras flores
Poderia ser de laranjeira

O balanço do miosótis
Seria o embalo de sua batida cardíaca
Junto com outros iguais
Quando a humanidade tiver sintonia
De um só coração
O mundo seria uma poesia

Meu coração fala e ouve outros
Tiquetaques feios e azedos
Mesmo assim, ele grita e fala:
— Quero viver num mundo sem misérias
Sem criança com fome e frio
Sem sacanagens e mentiras
Sem falsos amigos
Sem tanta saudade.

Ele é tão azul!


ANA IRENE MORAES SILVEIRA — Nasceu em Tapes, no dia 24 de julho de 1957, filha de Hugo Duarte Silveira e Liege Moraes Silveira. Formou-se em 1981 pela UFPel e atua nas mais diversas áreas do Direito. Mantém contínua atuação em conselhos municipais, associações comunitárias e movimentos sociais. No setor público já dirigiu as Procuradorias dos municípios de Camaquã e Arambaré. Exerceu ainda as funções de Secretária Municipal de Administração (1991) e Secretária Municipal da Cultura (1998). Atualmente presta Assessoria Jurídica a ABM - Associação Brasileira de Municípios. Este ano participou das coletâneas “Cidade da Poesia” e “A poesia das sete mulheres”, ambas organizadas pela Casa do Poeta Camaquense.

RETRATOS

© ANA IRENE MORAES SILVEIRA

o cheiro da mata...
o barulho da água...
de imediato
conecto –me com o passado
como em um álbum de fotos
desfilam com destaque,
como que delicadamente
pendurados
nas paredes da memória
quadros de minhas mais preciosas
recordações...
obras sem preço
com cheiros, cor, sabor,
som...
emoção...

eu e minhas emoções
únicos, unos...
seguimos...
buscando o mundo...
a vida...
a felicidade
a perfeição
a proximidade do criador..