POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

sexta-feira, outubro 19, 2007

NELSON LOPES DE FIGUEIREDO — nasceu em Campinas, bairro de Goiânia, em 07/01/44, e reside em Goiânia. Concluiu os estudos primários e secundários em Campinas, onde desenvolveu ativa participação na vida cultural e político-estudantil. Foi fundador e Presidente da Biblioteca Literária Social – BLS. Dedicou-se à advocacia e ao magistério, tendo exercido o magistério superior na Universidade Federal de Goiás, onde lecionou a disciplina Direito Administrativo por mais de 20 anos. Fundador e primeiro Presidente do Instituto Goiano de Direito Administrativo – IDAG, entidade da qual é atualmente Presidente de Honra. É membro da UBE/GO e sócio fundador da Academia Goiana de Direito, entidade que presidiu no biênio 2002/2004. Publicou trabalhos jurídicos em revistas especializadas (Boletim de Licitações e Contratos da editora NDJ, editora Zênite, site jusnavegandi) e literários (contos e poesias) em jornais da Capital. Estudioso de problemas políticos e jurídico-administrativos, tem proferido palestras, conferências, participado de seminários, debates e congressos, além de haver publicado artigos sobre esses assuntos em “O Popular”, “Diário da Manhã” e “O Estado de São Paulo”. Publicou os seguintes livros: “Sonhos e Esporas” – poesias, 1980; “Resistência Armada” – poesias; 1991; “Verbo Peregrino” – poesias – 2006. Dedica-se, atualmente, à advocacia na área de direito público e à poesia, sua antiga paixão.

QUIMERAS DO MEDO

© NELSON LOPES DE FIGUEIREDO

Você me pede que espere
não esqueça, a liberdade virá
(numa esfera indefinida,
incerto e tênue oxalá)

Bruscamente transformando
Alquimista do arremedo
pesquiso na entranha das sombras
a bisonha reação
dessa espera medonha
(além de medo e fantasia
covardia e titubeio
o que mais misturar?)

Com quantos metros de incerteza
se mede um esperar?
Como esperar, enfim
quando quem espera
nem sabe a cor das flores
que farão a primavera?

Quando se quer uma coisa
posta ao alcance da mão
o que é o esperar?
Recolher a mão ao bolso
ou o querer desligar?
Por que envelhecer nos dedos
o impulso desse tato?

E se recolho o braço
quem vai aguar meus jardins?
E se desligo o querer e diminuo
o passo
findo o compasso da espera
quem, onde, como e quando
despertará meu coração por mim?

(Do livro “Sonhos e Esporas” - 1980)

MAYRA COELHO — Natural de Santa Rosa ( RS ), formada em sociologia, empresária, cronista, contista e poeta.
Obteve o primeiro lugar no Festival Nacional de Música, Poesia e Contos de Paranavaí (1998), na categoria poesia. Em 1999, primeiro lugar na categoria conto e terceiro lugar na categoria poesia, no mesmo festival. No ano de 2005, com o poema “ In extremis”, foi um dos trinta classificados no Prêmio Poemas no Ônibus, em Porto Alegre.
“Abriria mão de quase tudo, menos de poetar. A poesia é minha libertação, e minha danação, a um só tempo. A ligação vital entre meu mundo interior e meus semelhantes, minha maneira de afirmar que, mesmo no caos dos enfrentamentos cotidianos, é possível emocionar-se, amar, e sermos pessoas.
Ao poeta é permitido sonhar, embriagar-se de vida, e até enlouquecer. Ao poeta, porém, é proibido calar”.

PARA TOCAR-TE

© MAYRA COELHO

Para tocar-te, faço-me ave em vôo silencioso,
para além do mar, para além de mim,
e pouso.
Antes, no beiral da tua janela,
entre o vaso de gerânio e a paisagem.
Depois, num sopro a acordar teu corpo,
roço teu peito, tua nuca, tuas costas,
e te percorro,
pele, pêlos, cheiros.
Minha umidade matando tua sede,
teu desejo marcando minha carne.
Minha língua cala tua boca
bebendo teu espanto.
Digo teu nome e resvalo pela tua carícia,
conduzindo a urgência de tuas mãos
pelos atalhos antes do destino.
A lascívia emudecendo a dama,
a libertina gemendo em tua cama.
Beijo teus olhos,
lavo tua face,
e no desatino, buscando tua posse,
rogo pelo gozo que te fará meu dono.
Tua voz me aquieta e aponta a rota para a calmaria.
Assim entregues,
enlaçadas nossas almas, unidos nossos corpos,
voamos juntos para além do mar,
para o silêncio, para a redenção.


DINOVALDO GILIOLI — nasceu em Leópolis/PR, 1957, morou em Curitiba e reside há mais de 25 anos em Florianópolis – SC. Formado em Ciências Contábeis pela UFSC, com especialização em Realidade Brasileira pela Unochapecó, trabalha na Eletrosul. É diretor do Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis – Sinergia e da União Brasileira de Escritores de Santa Catarina. Como sindicalista e ativista cultural coordenou concursos literários de conto e poesia promovido pelo Sinergia, em nível estadual, e várias atividades nas áreas de cine-vídeo, dança, teatro e música voltadas aos trabalhadores eletricitários e comunidade de Florianópolis. Foi um dos vencedores do 5º concurso de poesia Helena Kolody no Paraná e de outros concursos literários em diversos estados, o que propiciou a inclusão de seus poemas em mais de 20 antologias. Publicou os livros Fragmentos (edição do autor, 1982/5), Hálito de Água (Fundação Cultural de Curitiba, 1989), Borboletas no Varal e Canção para Acordar Peixes (Editora Letras Contemporâneas, 1996/7). Possui artigos em jornais e revistas do país, principalmente alternativos. Foi editor da revista Pantanal, de circulação nacional, publicada pela Elase, divulgando trabalhos de poetas e contistas de todo país. Realizou com o artista plástico Schneider o projeto Arte e Poesia em Movimento, expondo em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Segredo é uma coisa
que se conta
para poucas pessoas

e essas poucas pessoas
contam para outras
poucas pessoas

e essas outras
poucas pessoas
só contam para algumas
poucas pessoas

Segredo é uma coisa
que muitas pessoas
podem ficar sabendo

© DINOVALDO GILIOLI

Foto: Flávio Monteiro
SERGIVAL — José Sergival da Silva, nasceu em 09/04/65 na cidade de Nossa Senhora da Glória - SE. Iniciou suas atividades literárias na II Semana de Artes da Petrobras em 1990, conquistando o primeiro lugar nas categorias Poesia Inédita e Declamador. Em 1991 enveredou pelo caminho da dramaturgia, escrevendo peças e roteiros para o grupo teatral Retirantes. Ingressa no Grupo Cultural Pórtico em dezembro de 1996, participando do Anuário 1997, da antologia Hermanos e do Prêmio Nacional Gregório de Matos. Em 30 de julho de 1998 foi eleito para o M.A.C. da Academia Sergipana de Letras (Movimento de Apoio Cultural), ocupando a cadeira de nº 07, passando a freqüentar as sessões daquela casa. Seu primeiro livro, Sementear, de poesias e contos, foi lançado oficialmente na IX Feira Internacional do Livro de Cuba. 9 a 15 de fevereiro de 2000, realizada no Forte San Carlos de la Cabaña na cidade de Havana, onde nosso poeta além de declamar seus poemas, autografou seu livro neste que é um dos maiores eventos literários da América Latina, repetindo o sucesso também na União Nacional dos Escritores de Cuba, ratificando seu ingresso no Projeto Cultural Sul, onde passou a coordenar a Regional Sergipe a convite do presidente Ademir Bacca. Além da literatura e do teatro, tem um pé na música e outro na fotografia, tendo recebido as comendas do mérito cultural Ignácio Barbosa, Silvio Romero e Gérson Filho pelo conjunto de sua obra.

ANAGRAMA

© SERGIVAL SILVA

Valei-me padim Pade Cirço
Valei-me meu Frei Damião
Livrai o meu Rio São Francisco
Das garras da Transposição

Que é um pecado sem perdão
Só mais tarde vão saber
Que não se mexe na criação
Tirando a força de uma vazão
Mudando o rumo do rio correr

Valei-me Dadá e Corisco
Reúne o bando, Lampião,
Não deixem sangrar o Velho Chico
Pras terras de Seu Capitão

Pois o dono vai cercar
E no sertão ninguém vai ver
Um pouco d'água pras "criação"
E o sertanejo, cuia na mão
Vende o seu voto pra beber

Valei-me guerreiro das águas
Cacique da grande nação
Ecoa teu grito de guerra
Tacape e borduna na mão

Que o teu peixe vai sumir
E o mar vai invadir
Varrendo o solo e a plantação
Trazendo a fome e a destruição
Até mais nada existir

Levanta sua voz pescador
Não deixa seu barco afundar
O rio é de quem vive dele
O rio é de quem sabe amar

Levanta sua voz cantador
Levanta doutor e peão
Levanta que o rio ta chamando
Querendo ouvir seu refrão:
No Velho Chico ninguém põe a mão
O que queremos é Revitalização
Ação, ação, ação.