POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

quarta-feira, novembro 14, 2007

LUIZ EDMUNDO ALVES — nasceu em Vitória da Conquista, Bahia, em 21 de julho de 1959. Em 1974 mudou-se para Belo Horizonte onde formou-se em Psicologia pela FUMEC.
Já publicou Entre Outras Coisas, 1981, Metropolitano Aloucado, 1983, Sopro 1990, Na contra luz, 2002, e Fotogramas de Agosto, 2005, os dois últimos pela Anome Livros.Produziu e dirigiu LAMPEJOS, premiada série de vídeo-poemas, lançado em 1998 em Vídeo VHS e em 2006 em DVD. Mora em Belo Horizonte, onde é videomaker, "recitador" e editor do site de literatura Tanto,
www.tanto.com.br

esqueça-me

© LUIZ EDMUNDO ALVES

esqueça-me.
esqueça-me como um cheiro de ervas
um extrato de paixão ligeira, um sofá-colo.
esqueça-me como aquele que
escreve poemas nas pedras e
nas pedras colhe gloxíneas
e abandonos

esqueça-me ás 5:33

esqueça-me numa rosa de prata barata,
ou quando desejar que a semana voe,
que o pensamento voe
que nando reis cante sim e não

esqueça-me,
esqueça-me hoje que lua e
vênus suavizam atitudes.
hoje, que não mais me quer.
esqueça-me,
e guarde-me em seu esquecimento.

ABÍLIO TERRA JÚNIOR — Poeta, contista e cronista, natural de Belo Horizonte, MG, onde reside, depois de ter vivido no Rio de Janeiro, Montes Claros e Brasília. Quando jovem, participou da Orquestra de Violinos de Stepan Craciun.
É formado em Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, área à qual dedicou-se profissionalmente, aposentando-se pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Participa do movimento poético internacional Poetas Del Mundo, exercendo a função de Cônsul em Belo Horizonte. Participou, com o e-book de poesias “Princípio e Fim”, da Revista CD-Rom Escola (no. 6).
É membro da União Brasileira de Escritores (UBE). É autor dos seguintes livros: “Os Homens Pássaros” (poemas, 2002); “Em Um Caminho Desconhecido” (contos e crônicas, virtual); “Um Sonho e Um Poeta” (contos e crônicas, virtual); “De Passagem... Deslizes” (poemas, virtual); “Princípio e Fim” (poemas, virtual); “Detrás de Um Portal” (poemas, virtual); “Esta Lua Pedregosa” (poemas, virtual).

ESCORREGAR PELO NOTURNO

© ABILIO TERRA JÚNIOR

escorregar pelo noturno pequenino
meio cego
sem lugares comuns

uma vida entreaberta
entre mil letras desertas
que são também objetos
o desejo e o anseio
permanecem adormecidos

ninguém percebe o universo
que trafega ali ao lado
cada dedo encontra
o outro desocupado
em bilhões de estrelas negras
que se devoram se exploram

o direito ao riso é um dogma
de uma bula antiga
mas o deus ama Leda naquele instante
e Narciso nos arrebata ao fundo do rio
com casas de janelas e portas fechadas

em um instante percebemos e no outro voltamos
nos sentamos defronte ao espelho sem reflexo

LU OLIVEIRA — libriana, nascida na linda cidade de Ilhéus, interior da Bahia, terra de Jorge Amado. Sempre foi fascinada pelas letras e já rabiscava versos na adolescência. Formada em Letras e Especialista em Ensino de Língua Portuguesa, leva a poesia pra salas de aula, encantando os alunos das mais variadas faixas etárias. Dedica seu tempo às escolas, as suas filhas Luana e Hannalu, e à POESIA, sua paixão. Divulga suas poesias em sites literários (Alma de Poeta, Recanto das Letras, Toca da Serpente) e comunidades do Orkut. Participa de algumas coletâneas virtuais (e-books) e teve sua poesia publicada na Coletânea Literária da Casa do Poeta Rio-Grandense (Ed. Alcance) e na Coletânea 2007 da Editora Komedi. Diz que: ‘A poesia está na alma, deixe-a florescer!’
“Sou um pouco de cada coisa que encanta o teu olhar...
Sou música, sou água, sou céu, sou mar...
Sou a perfeita mágica da natureza...
Sou encanto, sou pureza...
Faço-me parecer o que sempre sou...
Corro pro meu CANTO (POESIA) onde encontro meu abrigo.
Aqui é onde posso me encontrar comigo!”


AINDA HÁ TEMPO...

© LU OLIVEIRA

Há quanto tempo espero o teu abraço...
Quantas vezes necessitei de teu olhar de apoio
Mas tu só me reprimias
Quantas vezes senti vontade de teu colo
Mas tu não me conduzias
Quantas vezes quis ouvir de ti um conselho
Mas tu não sabias me falar
Quantas vezes tropecei, caí, chorei
Mas tu só sabias me criticar
Que fiz eu de tão errado
Pra não merecer teus elogios?
Tentei ser a melhor,
Mas tu não me vias
Tentei ser bela borboleta
Mas no casulo me prendias
Quis ser pássaro, ser estrela
Mas não te comovias
Que fiz eu de tão errado
Pra não merecer teu encanto?
Há quanto tempo espero o teu abraço!
Corre, pai...
Ainda há tempo de merecer o meu amor...

ALCIDES BUSS — nasceu na localidade de Ribeirão Grande, atual município de Salete, no Alto Vale do Itajaí, em 1948. Com a família, morou em outras cidades de Santa Catarina e do Paraná, até fixar-se em Joinville, onde teve um papel de destaque na gestão cultural e na criação de projetos de resgate e circulação da cultura popular. Em 1980, transferiu-se para Florianópolis, onde assumiu a função de professor de Teoria Literária na UFSC.
Começou a publicar em 1970, com a edição de Círculo quadrado, paga com seus próprios recursos. Depois, foram outros 19 livros, quase todos de poesia, à exceção de dois títulos para crianças (Poesia do ABC e Pomar de palavras) e de volumes que ele organizou, como a “Antologia do Varal Literário”, de 1983. Publicou pelas editoras Lunardelli, Noa Noa, Mercado Aberto, EdUFSC, Letras Contemporâneas, Insular e Cuca Fresca.
A carreira promissora pôde ser antevista com o primeiro lugar obtido no I Festival Catarinense de Poesia Universitária, promovido pelo DCE da UFSC em 1971. Depois, entre outros, ganhou o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 1989, e as medalhas Caio Prado Júnior e Manuel Bandeira, ambas da União Brasileira de Escritores, seção Rio de Janeiro, em 1994 e 1996, respectivamente. Por fim, foi finalista do Prêmio Jabuti, em 2000, com Cinza de Fênix e três elegias.
Além de organizar uma das primeiras oficinas literárias do Brasil, quando chegou à UFSC, Alcides Buss deu oportunidade aos jovens ao criar o varal literário, que constava da apresentação de poemas em forma de varal, em diferentes locais da cidade – idéia imitada depois em outros estados brasileiros. Foi presidente da Associação Brasileira das Editoras Universitárias, criou o Movimento de Ação do Livro (volumes que circulam de mão em mão), dirigiu a seção catarinense da União Brasileira de Escritores e desde 1991 é diretor da EdUFSC, que tornou uma das mais ativas editorias universitárias do País.
Obras publicadas: Círculo quadrado (1970), O bolso ou a vida? (1971), Ahsim (1976), O homem e a mulher (1980), Cobra Norato e a especificidade da linguagem poética (1982), O homem sem o homem (1982), Antologia do varal literário (Org. 1983), Sete pavios no ar (1985), Pessoa que finge a dor (1985), Segunda pessoa (1987), Transação (1988), A poesia do ABC (infantil, 1989), O professor é um poeta (Org., 1989), Contemplação do amor – vinte anos de poesia escolhida (1991), Natural, afetivo, frágil (1992), Nenhum milagre (1993), Sinais/Sentidos (1995) Cinza de Fênix e três elegias (1999) Pomar de palavras (infantil, 2000), Contemplação do amor – trinta anos de poesia escolhida (2002) e Cadernos da Noite (2004).

PÓS-MODERNO

© ALCIDES BUSS

O que falta dizer
depois do adeus?

A alma, qual roseira
no deserto, reconhece
a algema de sal
que prende o algoz
a si próprio.

Um resíduo de luz
assinala um desejo,
a flâmula dum erro,
um frêmito
nas cordas vocais.

Eu, tu, nós:
rumamos para onde menos dói
estar na esteira dos fatos.

Se pudéssemos, lentamente
deixaríamos tudo como era
e lembraríamos as coisas
como quem adormece.