POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

quarta-feira, dezembro 13, 2006



TELMA DA COSTA – Poeta, dubladora de filmes para televisão e cinema, atriz e cantora com shows em todo o país, tem dois cds gravados. Escreveu duas peças de teatro: “Além do Horizonte” e “A Divina Dalva”, esta em homenagem à cantora Dalva de Oliveira. Formada em Órgão e Licenciatura em Música no Rio de Janeiro, mudou-se para Londres, onde estudou canto na Royal Academy of Music e Guidhall. Prepara-se para lançar seu primeiro livro de poesia. É das maiores divulgadoras do Congresso Brasileiro de Poesia, tendo participado das duas últimas edições do evento. Reside no Rio de Janeiro.


ANÚNCIO

© TELMA DA COSTA

Ofereço o meu amor
A quem não tenha medo de enredo,
Nem tenha medo de amor.
Ofereço as carícias de uma mão carinhosa
À pele que não rejeite
Uma gata manhosa.
Ofereço meu olhar terno
Ao olhar que possa ler o meu.
Ofereço meu colo quente
À cabeça que se entregue.
Ofereço minha voz suave
Ao coração sem entrave,
Ao coração que deseje,
Ao coração que me almeje.
Ofereço minha boca vadia e macia
À boca que possa tocar a minha alma
Sem pressa...
Com calma.


AIDENOR AIRES – Nasceu em Riachão das Neves, Bahia, mas reside em Goiânia desde a infância. Bacharel em Letras Vernáculas e em Direito, aposentou-se como Promotor de Justiça. Pertence à Academia Goiana de Letras e à Academia Goianiense de Letras. Presidiu a UBE/Goiás e atualmente preside o Instituto Histórico e Geográfico de Goiás. Poeta e contista, tem treze livros publicados, entre eles: “Reflexões do Conflito”, “Na Estação das Aves”, “Lavra do Insolúvel”, “O Canto do Regresso” e “Aprendiz do Desencanto”. Tem sido presença constante, sempre com grande atuação, nas últimas edições do Congresso Brasileiro de Poesia.

PERMANÊNCIA

© AIDENOR AIRES

Só para não morrer
me deitei ao teu lado
e desatei a esteira
de pássaros.
As cabras pastavam dos cabelos,
e não havia mais
que o momento
suspenso
sobre nossa cabeça.

Só para não morrer dei meu nome
às coisas da terra.
Dei meu nome
ao rio de leite
e aos teus seios profundos.

Foi só para não morrer
que eu imitei o amor
e me pus na voz das coisas
e no abismo, por onde alagavam tuas pernas,
a luz dormente de uma estrela escura.
Fiz do não ser,
da inteira ausência,
minha manhã de perdição,
ser de procura.
Foi só para não morrer
que eu me deitei ao teu lado
como um menino no frio,
cativo pássaro calado.



HAIDÊ VIEIRA PIGATTO – nasceu em São Paulo, mas reside em Bento Gonçalves. Formada em Letras pela USP, é professora de inglês, francês, português e yoga. Participa de todas as antologias poéticas editadas pelo Proyecto Cultural Sur, tendo inclusive traduzido para o francês os dois volumes lançados em Paris e Montreal. Dois livros de poesia publicados: “Amor. Ponto Final” e “Teias, Sedas e Sentidos”.


QUINTESSÊNCIA

© HAIDÊ VIEIRA PIGATTO

Amores, todos doem um pouco
todos são laços de fita
correntes de ouro
calda de açúcar
vertem sucos
pelos poros
pelos olhos
pela noite adentro
e de manhã se esquecem
dos relógios implacáveis
parados na eternidade
em olhos de veludo.



EDIVAL PERRINI – natural de Curitiba, onde cresceu e reside. Médico, especializou-se em Psiquiatria. Poeta, criou e participa do Grupo Encontrovérsia, de grande atuação no movimento literário da capital paranaense. Diversas participações em antologias, publicou os seguintes livros: “Entre sem Bater”, “Poemas do Amor Presente”, “Olhos de Quitanda”, “Pomar de Águas”, “Armazém de Ecos e Achados” e “Fandango do Paraná: Olhares”. É um dos grandes nomes da poesia paranaense contemporânea.


MAR ALTO

© EDIVAL PERRINI

Nuvens são cardumes
e seus contrastes abastecem
a rede dos olhos.

Nuvens são demônios
e seus feitiços tingem de tempestade
o que neblina.

O instante escrito a relâmpagos
não separa mais
a promessa da chuvarada,

lianas de água
em línguas oblíquas
rasgam-se.

Por entre os pingos
enormes,
andorinhas bonançam.