POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

quarta-feira, janeiro 02, 2008

RICARDO S. REIS — Ricardo Sant’Anna Reis, 48, carioca, professor de sociologia e ciência política. Atua em projetos sociais de capacitação profissional e educação, sempre objetivando a ampliação da justiça social. Escrevendo desde jovem, só agora, com o estimulo do movimento dos poetas sem editores (que transformou a Internet, numa ativa trincheira), resolveu mostrar-se à luz do sol e da lua. Como poeta, gosta de versos livres, embora passeie por diversas linhas da poesia, nas quais procura se aprofundar. É admirador de Rilke, Alan Poe, Geir Campos, Leminski, Pessoa, João Cabral, Ana Cristina Cezar, Drummond (mestre e influência confessa), entre outros bons poetas consagrados, além de inúmeros poetas seus amigos contemporâneos, que militam pela afirmação da sensibilidade poética como instrumento de transformação do homem em nossa sociedade. Gosta de música clássica e da boa MPB, de vinho tinto, de filosofia, especialmente Nietzsche, de Machado de Assis, Joyce, de psicanálise, ama o mar e o caminhar por trilhas da Mata Atlântica. Suas frutas preferidas, são o Caju e a Lima da Pérsia. Ama muito seus quatro filhos, o Rio de Janeiro, as pequenas e as grandes cidades do Brasil e do mundo, que abriguem a arte e promovam a horizontalidade da experiência humana. Está preparando o primeiro livro.

LINGÜÍSTICA

© RICARDO S. REIS

A poesia é proverbial e de grande serventia,
por explicar a afeição, dotar de asas a rebeldia,
aquilatar o que se vê, dar valor ao que se cria.
O amor, só se entende, longe da monotonia,
e o poeta tem por ofício recolher a tais emoções.
Tanto que, dos confins da terra, vai ao céu,
atrás de musas quietas, em busca da parceria,
das airadas marias, sejam elas, mulheres belas,
sejam as feias, ou as etéreas,
e, ainda, aquela tão linda, que, por augusta, passeia,
num mafuá de província, em roda no carrossel.
A mulher, por mais que seja triste
mirrada ou pequena, é musa,
e tem o seu vate que a proclama em poema.
Ele, andarilho, vem da região do encanto,
verter-lhe o sumo da vida, trazendo o amor por dístico.
É por isto que a poesia, em tudo que fala, amplia,
faz de um simples beijo, um verso, algo muito mais
do que corpo, do que sexo, do que lânguido,
algo, por assim dizer — lingüístico.


LAU SIQUEIRA — nasceu em Jaguarão-RS, no 21 de março de 1957. Publicou seus primeiros poemas na coluna do Bric-a-Brac da vida, do Jornal Correio do Povo, onde trabalhava o grande Mário Quintana. Sua vida literária, no entanto, começou a tornar-se mais conhecida depois que foi morar na Paraíba, há 22 anos. Adepto do movimento arte-correio, o poeta imprimia seus versos e poemas visuais em aerogramas, distribuindo-os pelo país. Publicou em revistas, suplementos, fanzines e folhetos literários do Brasil e do exterior.
Em 1993, em parceria com a contista Joana Belarmino, lança “O comício das veias”, pela editora Idéia-PB. Em 1998, pelas edições Trema (selo criado pelos poetas José Caetano, Antônio Mariano e André Ricardo Aguiar) lança “O guardador de sorrisos” e recebe o prêmio Dom Quixote de Literatura, oferecido pelo Jornal “O Capital”, de Aracaju-SE. Em 2002, lança “Sem meias palavras”, também pela Idéia Editora e é incluído na antologia “Na virada do século – poesia de invenção no Brasil”, Editora Landy-SP. Anualmente tem seus poemas publicados pelo Livro da Tribo, Editora Tribo-SP.
Possui o blog “Poesia Sim” e uma comunidade homônima no Orkut. Sua poesia encontra-se amplamente difundida na internet.

o discurso da pele

© LAU SIQUEIRA

nasci ontem
parece

não sei das pessoas e das coisas
do universo
sei apenas das sensações líquidas
que em mim deságuam em leito
e margem oprimida

não sei das agruras nem das
mágoas que
carregam as almas como as
formigas carregam folhas

não sei das canções de despedida
jamais entoadas ou dos acordes
sensoriais da primeira sílaba na
palavra saudade

nasci ontem
até já posso dizer
que tenho esta certeza

mas isso não é novidade para quem
morre um tanto a cada dia tragado
em bolhas de desencanto

nasci como quem traz consigo toda
idade do mundo e uma bandeira de
motivos

por isso
vivo a cada instante o açoite sem pele
vestido de uma solidão que me despe


(do livro Texto Sentido)


ANGELA TOGEIRO FERREIRA — é natural de Volta Redonda/RJ, radicada em Minas Gerais desde jovem, É Administradora de Empresas e escritora. Possui centenas de prêmios literários em prosa e verso em quase todo território nacional e alguns internacionais. Participa de antologias nacionais e internacionais em português, inglês, espanhol e francês, como convidada ou decorrente de concursos literários, lançadas no Brasil, Uruguai, Cuba, México, Canadá, EUA, Espanha, Portugal e Inglaterra. É verbete no “Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras”, de Nelly Novaes, da USP/SP, na “Enciclopédia de Literatura Brasileira”, de Afrânio Coutinho e Jô Galante de Sousa, e no “Dicionário de Escritores”, de Adrião Neto/ PI. É membro de diversas entidades culturais entre elas, Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, Academia Feminina Mineira de Letras, Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro, Grêmio Literário de Autores Novos, Volta Redonda, Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Mogi das Cruzes/SP, Clube da Simpatia, Portugal e ao Proyecto Cultural Sur/Brasil.
Livros publicados: “Contato Urbano” (Poesia), “Pudim de claras com baba de moça” (Romance), “Cavalo Alado” (Contos), “Trem Mineiro” (Poemas para a garotada), “Na luz dos teus olhos” (Poesia), “Sou Mulheres” (Poesia), “O Compositor” (Romance) e “O molar fugiu do sonho da menina” (Teatro infantil).
SOU

© ANGELA TOGEIRO

Em um retrato de família
rasgado ao meio,
dividido consigo mesmo,
guardado no fundo da gaveta,
dentro de um pacote,
amarelados
estão meus ancestrais.

Meus bisavós
das raças branca, amarela e negra.
meus avós,
meus tios,
meus pais.

Lá estou
forma de espermatozóide
forma de óvulo,
alma confabulando
meu momento de nascer.

De todos somente
eu continuo a memória nesta vida,
num corpo a envelhecer.




JACOB ARMANDO SELBACH — nasceu na cidade de Montenegro/RS, a 11 de março de 1938. Filho de Silvio e Alvina Selbach, é casado com Antonia Moresco Selbach, e pai de Eduardo e Luciano.
É bacharel em Ciências Econômicas . Reside em Bento Gonçalves desde 1951, onde desempenha funções como concursado da Prefeitura Municipal, onde também preside a Comissão Permanente de Sindicância.
Foi um dos precursores do movimento poético da cidade de Bento Gonçalves nos anos 60, do qual continua sendo um dos expoentes.
Publicou "Crepúsculo Interior" (1960) e “Cantigas de Outono” (2004). Participou das seguintes antologias: Coleção "Prata Nova – Volume 3 (1992), edição especial sobre poesia da Revista "Continente Sur" (1998), “Poesía de Brasil – Volume 2” (2000), “Poesia Brasileña Para el Nuevo Milênio” (2000), “Poèsie du Brésil - Volume 2” (2002) e “Poesia do Brasil – Volume 2” (2002). Tem poemas publicados em diversos jornais e revistas e traduzidos para o espanhol e francês.
Em 2003, seu poema “Elegia de Outono”, traduzido para o francês e publicado na antologia “Poèsie du Brésil” recebeu o Prêmio Nacional de Poesia da Instituição Literária francesa “Poètes et Artistes du Bourbonnais”.


CANTIGA DA ESPERANÇA

© JACOB ARMANDO SELBACH

Em que lugar da estrada terei deixado
os meus brinquedos de criança?

É tarefa do pastor, no final da tarde,
recolher
não apenas as ovelhas,
mas também as esperanças.

O som rude que sai da minha flauta
é o prenúncio de uma nova caminhada.

E aquele velho missal,
lido e relido centena de vezes,
é a medida que se ajusta no caminho.