POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

sexta-feira, maio 11, 2007

DELASNIEVE DASPET — Delasnieve Miranda Daspet de Souza é sul-mato-grossense de Porto Murtinho, onde nasceu e cresceu em meio à exuberante natureza que é o Pantanal do Mato Grosso do Sul, Brasil, residindo em Campo Grande-MS. Casada, tem dois filhos. É poeta, cronista, faz trabalho social com menores carentes. Professora, Educadora, Ativista Cultural e Ambiental, pertence a várias associações literárias e culturais nacionais e internacionais. É a Embaixadora para o Brasil do “Poetas del Mundo”


CANÇÃO PARA NINAR A PAZ

© DELASNIEVE DASPET

Não sonhar é estar morto.
Não alimentar paixões é encontrar-se perdido
Pelos caminhos.... São as paixões que nos aliviam as tensões
Que definem nossos interesses.
Cada pessoa tem a sua, e são elas que traçam os rumos
De nosso caminhar.

Ninguém tem o direito de julgar
Sobre as paixões que nos consomem...
Apaixonamo-nos por valores, por pessoas,
Cada um segue seu caminho
Conforme sua capacidade e vontade!

A paixão — este estado incoerente!
Melhor seria se paixão e razão andassem juntas,
Com prudência e paciência...

Paixões fáceis e tentadoras
Tão difícil largá-las...
Tão difícil abraçar — firme e decididamente —
Quem ilumina nossa vida, alimenta nosso ser,
Acaricia nossos pensamentos, perfuma com flores nosso andar...

Paixões que causam conflitos,
Dores, guerras, fome, miséria, violência,
Paixões que nos cegam e nos transmutam
Em vilões da Humanidade,
Que desestruturam a família,
Que queimam florestas, que poluem os rios,
Que agridem a Terra, que matam tantas crianças,
Que tornam tantos indigentes e deixam o Urso Polar sem lar!

Paixões!....
E se nos apaixonássemos por nós, irmãos desta senda?!
Se nos amássemos mais, teríamos um Mundo mais sensível,
Celebraríamos a Páscoa definitiva!
E passaríamos da violência para a Paz,
Da guerra para o amor, do ódio ao perdão,
Da desigualdade para a comunhão....

E não haveria lágrimas, e não haveria dor,
E não haveria violência...
Nem João Hélio morreria, muito menos as Marias...
Nem as flores murchariam,
Nos pratos teríamos comida,
Nos postos os médicos atenderiam,
Na favela existiria o direito de sonhar,
A divisão seria eqüitativa,
Os políticos... estes não seriam necessários...

Corresponderíamos ao grande amor que herdamos,
Sem egoísmo os elos seriam reatados, e,
Resgataríamos a aliança de amor e salvação...

É um sonho que sonho, é um sonho que vivo,
É uma semente que planto todos os dia da vida
É um canto que sangra numa canção para ninar a Paz!



ROGÉRIO SALGADO — é natural de Campos dos Goytacazes, interior do estado do Rio de Janeiro. Reside em Belo Horizonte desde 1980. Publicou em 1982 em edição independente, seu livro de estréia “Tontinho”. Na década de 80 editou a revista “Arte Quintal”, uma das mais importantes revistas culturais que já circulou no país. Tem trabalhos publicados em jornais e revistas do Brasil e do exterior. Em 2005 idealizou e realizou junto com Virgilene Araújo, o 1º Belô Poético – Encontro Nacional de Poesia, evento este que reuniu em Belo Horizonte poetas de diversos estados do país. Realizou em novembro, dezembro/2006 e janeiro/2007 o projeto “Poesia na Praça Sete”, onde reuniu poetas de todas as regionais de BH, no quarteirão fechado da Praça Sete de Setembro. Em 32 anos de carreira literária, tem publicados mais de 20 livros.

CONCERTO PARA LÁ MAIOR
(ENTRE AS NUVENS)

© ROGÉRIO SALGADO

Meus amigos estão todos indo embora
e eu, por enquanto
vou ficando por aqui
com aquela sensação de vazio
preenchendo-me os poros
as artérias, a alma, os versos.

Revejo catedrais que outrora
pensei um dia, edificar
entanto, o tempo escorre pelas mãos
entra pelos ralos
sem que ao menos, possa segurá-lo.

Alguns recitam versos lá
outros cantam entre nuvens
e cá, ficamos nós, desatando nós
nessa insegurança tão imperfeita.

Meus amigos estão todos indo embora
embora seja verdade, devo aceitar
aguardando que um dia
numa viagem menor
eu possa ver estrelas, constelações
e desvendar enfim, os mistérios
dessa vida.



PUBLICAÇÕES DO CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA (4)

ANTOLOGIA EM PROSA

Participantes:

Ademir Antonio Bacca • Ana Carolina Martins da Silva • Angela Togeiro • Fernanda Frazão • Haidê Vieira Pigatto • José Mendonça Teles • Marcos Zeri Ferreira • Marilu Duarte • Políbio Alves • Remy de Araújo Soares • Roberto Stavale • Rosa Maria Britto Cosenza de Oliveira • Sandra Falcone • Stella Mello • Suely de Freitas Martí •



SHIRLEY CARREIRA — nasceu no Rio de Janeiro, onde vive, e formou-se em Letras, Português-Inglês, pela UFRJ. É Mestre em Lingüística Aplicada e Doutora em Literatura Comparada, pela UFRJ. Fez, também, pesquisa de Pós-Doutoramento na UERJ, na área de Literaturas de Língua Inglesa, focalizando a transculturação na obra de Salman Rushdie, na qual é especialista.
Bastante conhecida pelo seu trabalho em crítica literária, tem publicado ensaios e artigos no Brasil, Portugal, Estados Unidos, México e Inglaterra. Atualmente, é professora e coordenadora do Curso de Letras da UNIGRANRIO, onde também coordena a pós-graduação e edita a Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades.
Sua obra poética tem sido publicada em coletâneas, periódicos e sites de poesia. Em 1985, foi premiada no concurso de poesia promovido pela Revista Brasília, com o poema “Claridade”.
Como contista, foi premiada em um concurso promovido pela UFRJ e a Livraria José Olympio, tendo o seu trabalho publicado na coletânea Universitários: verso e prosa, em 1980. A sua produção literária pode ser acessada no site pessoal da autora:
http://www.shirleycarreira.homestead.com


SE EU ME CALAR

© SHIRLEY CARREIRA

Não te espantes se eu calar meu verso;
Com o meu silêncio não te surpreendas.
Comigo mesma vivo em contendas.
Na poesia, reúno e disperso
todos os fragmentos de mim.
Se me calo, eu me preservo.

Não te espantes se eu não deixar rastro,
não te assustes com a minha ausência,
pois, da palavra, a permanência
é retrato preciso de um mundo vasto
que trago dentro de mim.
Se me calo, eu me oculto.

Não te surpreendas se eu me calar,
se eu partir sem dizer adeus,
se este poema parece acenar
com lágrimas dos olhos meus,
cascata caudalosa a escorrer da alma.
Se me calo, ela se acalma.

Ficam os gestos apenas ensaiados,
ficam os poemas mal iniciados,
sombras líricas de algo concreto.
Ainda que não possas lê-las,
Minhas palavras permanecem.
Na noite do meu silêncio,
Elas se tornam estrelas.

ANTONIO LÁZARO DE ALMEIDA PRADO — nasceu em Piracicaba, em outubro de 1925. Poeta, ensaísta, tradutor e jornalista, é Doutor e Livre-Docente em Língua e Literatura Italiana pela Universidade de São Paulo, onde lecionou de 1953 a 1958.
Transferiu-se para a UNESP (campus de Assis), do qual foi fundador, aposentando-se em 1982. É Professor Emérito da Faculdade de Ciências e Letras, e, ali, depois de Titular Fundador da Cadeira de Língua e Literatura Italiana, passou a Titular de Teoria Literária e Literatura Comparada.
Dentre suas obras publicadas, destaca-se o livro de poemas “Ciclo das Chamas”, lançado, recentemente, pela Ateliê-Editorial, em que se reúne parte de sua produção poética.

SINFONIAS POSSÍVEIS

© ANTONIO LÁZARO DE ALMEIDA PRADO

Trago dentro de mim harmonizados
Muitos sons e canções, que não componho,
Tão vibrantes, coesos, concertados
Que enformam a textura de meu sonho.

Cantigas de ninar, trovas do povo,
Trinados matinais na voz dos ventos,
Capazes de gerar um canto novo
Capazes de aplacar dor ou lamentos.

Na força destes sons me fraternizo
Com a imensa harmonia do universo
Que moldo neste som claro e conciso.

E do instante pungente ou adverso
E de todo o sofrer me imunizo
No resgate eficaz de rima e verso

(Ciclo das Chamas e outros poemas)