POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

sexta-feira, maio 25, 2007


RONALDO WERNECK — Poeta e jornalista, crítico de artes e cronista, é mineiro de Cataguases. Co-editor/fundador de “O Muro” (1962), “SLD” (1968), “Totem” (1974) e “Cataguarte” (anos 80/90), jornais do movimento de renovação/experimentação literária de Cataguases. Nos anos 60, integrou o grupo do Poema Processo e foi um dos organizadores do “Festival Audiovisual de Cataguases” (música & poemas visuais) em suas duas versões (1969-1970). Morou por mais de trinta anos no Rio de Janeiro. De volta à sua terra em 1998, passa a assinar a coluna de crônicas “Há Controvérsias”, no jornal “Cataguases”. Atualmente, é Diretor de Comunicação do CINEPORT- Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa. Editou cinco livros de poemas-solo, “Selva Selvaggia” (1976), “Pomba Poema” (1977), “minas em mim e o mar esse trem azul” (1999), “Ronaldo Werneck revisita Selvaggia” (2005) e “Noite Americana/Doris Day by Night” (2006). Em 2001, gravou em show ao vivo o cd “Dentro & Fora da Melodia – Que papo é esse, poeta?”. Em 1997, lançou “Cataguases é Cachoeira”, homenagem aos 100 anos do cineasta Humberto Mauro. Está para lançar novo livro poemas, “Minerar Nu Branco”, e um novo e longo ensaio sobre Humberto Mauro: “Kiryri Rendáua Toribóca Opé”.

VERGETAIS

© RONALDO WERNECK

face a face
a alegria

da verde alface

rotundos
brilhantes
pesquiso
a poesia

do pálido palmito

sobre a mesa
descubro
a selvagem
tristeza

do tomate rubro


CLÁUDIA GONÇALVES — É gaúcha nascida em junho de 1968. É consultora de moda.
Poeta que começa a conquistar seu espaço entre os novos talentos, estreou no Congresso Brasileiro de Poesia em 2006 e desde então tem participado ativamente do movimento poético alternativo.
Participou da Antologia dos 42 anos da Casa do Poeta Rio-Grandense e já está garantida no volume 5 da antologia oficial do XV Congresso, a ser lançada em outubro.
Tem suas poesias publicadas em vários sites, entre eles:
“Alma de poeta”, “Blocos online”,
“Poetas del mundo” e “Recanto das letras”.

POETAS

© CLÁUDIA GONÇALVES

Cismam os poetas
que flores têm sabor
que saudade têm cheiro
que grita o silêncio

ah! nada acompanha
o pensar de um poeta
que beija a boca da noite
salta da ponte do sonho

e até ao relento...
com os sentidos atentos
rende-se à voz
do coração
que galopa
ao encontro do verso.


ROGÉRIO SANTOS — (por ele mesmo) “Sou paulistano da gema, quase quarenta anos de idade; muito bem vividos por sinal.
Normal numa cidade desse tamanho, entre tantos e tantos habitantes, com tantas e tantas manias, que alguns deles se ocupem de coletar coisas que acham por aí.
Pois me acho nesse estado; um coletor de poesia, entre tantos e tantos coletores de tantas coisas que se perdem, que se acham, numa megacidade.
É uma função que não remunera, mas dá muito prazer, e prazer vicia.
Certamente não serei reconhecido nas ruas e nem terei direito a caixinhas de final de ano.
Agora, é coisa séria, e exige muita paixão.
Fazer esse tipo de leitura do espaço onde se vive é coisa de maluco mesmo. Quem me vê, nem acha. Não tem hora nem lugar. Às vezes tenho que parar o carro no meio do trânsito e anotar aquela frase essencial que descobri, onde der; numa nota de um real, no telefone celular, na palma da mão. É matéria prima, se deixar, vem outro e pega para si, apaga os vestígios.
Vez por outra trombo com algum camarada que coleta sons, acordes e coisas do gênero.
E daí, papo vai, papo vem; uma martelada aqui, uma lixada ali, aprontamos uma canção.
Soul da cidade de São Paulo.”

CAIS DOS OLHOS

© ROGÉRIO SANTOS

mais um janeiro transcende sonhos
uma janela entre o mar e o horizonte
traz um lindo quadro: - o cais dos olhos

miro um farol de azul roubado
entre estrelas de brilhar
relampejando no lusco-fusco
mandando aqueles sinais, colorido tom

nesse compasso de pleno encanto
trouxe o tempo de sonhar
e iluminar a todo cais com meu amor
verão e flor por teu olhar
a qualquer tempo enquadro

vou velejando pelo teu corpo
versejo mar de águas claras
sem ter pressa de chegar
para rimar constelação, céu
uma aquarela em minhas mãos

sem te tirar nem por
pintura viva na retina
exorciza os meus medos
manias, receios, anseios
eu só quero ter o brilho de um barco
ancorando em teu cais
solto pelos mares de te amar

Um lindo quadro
: o cais dos olhos
Por todo tempo de te amar


DANI BALEEIRO — Dani Aires Baleeiro, nasceu e cresceu em Goiânia – Goiás, em 1984. Fez ballet clássico por 8 anos, apaixonada por rock, sempre muito sensível e irrequieta, entrou para a Universidade aos 17 anos em Brasília. Abandonou o curso depois de 6 meses, retomou os estudos em Goiânia, onde cursou até o segundo ano de Comunicação Social na UFG. Trancou o curso, fez intercâmbio em Michigan e depois se aventurou como mochileira pelo estado de Massachusetts, nos USA, onde lecionou inglês para latinos e português para norte-americanos em 2004-2005.
Atualmente reside no Rio de Janeiro, onde estuda Tradução e Interpretação, leciona inglês e assessora eventos culturais como Tradutora e Intérprete. Escreve poemas desde os 14 anos.


RETRATO DO BRASIL

© DANI BALEEIRO

Mendigo na rua
Companheiro do lixo da classe privilegiada
Quem é ele? Lixo da sociedade desmentalizada?
Produto em série do capitalismo acelerado
Classe, marginalizada
Nulidade é seu código de barra
Linha, a libertinagem
Liberdade de escolha
Morrer de fome?
Roubar? Matar? Surtar?
Surta em seus devaneios frenéticos
Da janela, mera fotografia
Quem passa ignora
Cachorro sem dono,
Filho da mãe ou coitado
Seu discurso é o retrato falado
Sua vida, a sobra da opulência niilista
Sua voz... Hein?
O que é mesmo que eu estava dizendo?
Psiu... shshshshs
Vai começar mais uma novela no horário nobre
Saia da janela
O programa é novo
Alguns atores se repetem
Os figurantes são sempre os mesmos
A trama é previsível
O romance anti-heróico
E o retrato do Brasil
Continua ali... na calçada