POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

sábado, março 17, 2007



EUNICE ARRUDA — Poeta, autora de doze livros publicados, entre eles: “É tempo de noite” (1960), “O chão batido” (1963), “Invenções do desespero” (1973), “As pessoas, as palavras” (1976), “Mudança de lua” (1986), “Gabriel:” (1990), “Risco” (1998), “Há estações” (2003). Presença em antologias, com poemas publicados no Uruguai, França, Estados Unidos e Canadá.
Prêmio no Concurso de Poesia “Pablo Neruda”, organizado pela Casa Latinoamericana, Buenos Aires, Argentina.
Ministra oficinas de criação poética desde 1984. Coordenou os projetos “Tempo de Poesia/Década de 60” em 1995 e “Poesia 96/97”, promovidos pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Por tais iniciativas recebeu o prêmio de Mérito Cultural conferido pela União Brasileira de Escritores/RJ. Em 2005, foi homenageada com o prêmio “Mulheres do Mercado”, concedido pela Casa de Cultura Santo Amaro – São Paulo/SP.


CONSIDERAÇÕES

© EUNICE ARRUDA

não repetir
a palavra

repartir a
mesa farta
ou a nuvem

nas águas
do poço
não evocar
o meu rosto

beber o gosto
das noites ou
o leite da alvorada

e caminhar
lentes crianças
até à montanha

se há luz ou
se há sombra
tudo é ciclo
não morada

enterrar longe
os mortos insubmissos



TANUSSI CARDOSO — Carioca, formado em Jornalismo e Direito, licenciado em Inglês, Poeta, contista, crítico literário e letrista. Da geração que cultiva a poesia desde a década de 70, é dos mais atuantes, apresentando-se, sempre, em recitais de poesia e eventos literários, além de ser colaborador ativo de diversas publicações literárias espalhadas pelo país, e jurado de concursos literários.
Tem trabalhos artísticos em cartazes, envelopes, etc, além de estar incluído em diversas antologias. Publicou: “Desintegração”, “Boca Maldita”, ”Beco com Saídas”, “Viagem em Torno de” e “Exercício do Olhar”. Seus livros receberam inúmeras premiações, entre elas: o “Prêmio ALAP de Cultura”,o “Prêmio Capital Nacional 2000”, outorgado pelo jornal O Capital/Aracaju/SE, como o “Poeta do Ano”, além de Menções no “Prêmio Ruth Scott”, do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro (1993), “Prêmio Jorge de Lima”, da UBE (94) e “Prêmio Carlos Drummond de Andrade”, da UBE (1999).
Sua fortuna crítica tem sido avaliada positivamente pelos maiores críticos, escritores e poetas brasileiros e tem poemas publicados na Argentina, Colômbia, EUA, Itália, Portugal e Uruguai, e traduzidos para o francês, espanhol, castelhano e italiano.
É detentor de vários prêmios literários, nacionais e internacionais, entre outros: 1º lugar no Concurso Internacional de Poesia/2000 – Prêmio Saturnino Paccitti, da Associação de Escritores de Bragança Paulista; 1º lugar no Concurso Internacional de Arte, Prosa e Poesia da UBENY/2002 (União Brasileira de Escritores com sede em Nova York) e 1º lugar no Concurso Internacional Il Convívio (2003), sezione Poesia in língua portoghese, Sicília/Itália.
Prefaciou diversos livros de autores contemporâneos, participando, ativamente, da vida cultural nacional, como poeta-palestrante. Tem participado ativamente do Congresso Brasileiro de Poesia, sendo do seleto grupo que esteve na primeira edição do evento, no ano de 1990.


AS MORTES

© TANUSSI CARDOSO

quando o primeiro amor morreu
eu disse: morri

quando meu pai se foi
coração descontrolado
eu disse: morri

quando as irmãs mortas
a tia morta
eu disse: morri

depois, a avó do Norte
os amigos da sorte
os primos perdidos
o pequinês, o siamês
morri, morri

estou vivo
a poesia pulsa
a natureza explode
o amor me beija na boca
um Deus insiste que sim

sei não
acho que só vou
morrer
depois de mim


DÉBORA NOVAES DE CASTRO — nasceu em Bento de Abreu, antiga Alto Pimenta-SP, em 22 de maio de 1935. Aos seis anos de idade, mudou com os pais e irmãos para a capital paulista, onde permanece até hoje. Graduada em Letras e Pedagogia, tem Pós-Graduação em Disciplinas em Jornalismo Cultural, Puc-SP, e Mestre em Comunicação e Semiótica, Intersemiose na Literatura e nas Artes, Tese: “O Haicai no Brasil: Comunicação e Cultura”, Puc-SP.
Tem dezesseis publicações em poesia clássica e moderna, trovas, haicais e prosa Infantil e Infanto-juvenil. Como antologista, participação e coordenação das Antologias: “Canto do Poeta”, “Espiral de Trovas” e “Hai-kais ao So”l, Edições Livroarte Produções, São Paulo, 1995. Nas Artes Plásticas, participou de diversas exposições individuais e coletivas.
Por sua atuação cultural, já recebeu diversos títulos de personalidade cultural, diplomas, troféus e medalhas. Pertence à entidades culturais no Brasil e exterior. Atualmente, prossegue em suas pesquisas haicaísticas, participa de congressos, simpósios, outras atividades da cultura, ministra cursos e oficinas.

serra engalanada
os brancos das cachoeiras
batutas de prata

espiam faceiras
nas hastes madrugadeiras
brincos-de-princesa

de madrugadinha
os bem-te-vis no vizinho
relógio de ponto


JORGE VENTURANascido no Rio de Janeiro, Jorge Ventura é poeta, ator, jornalista e publicitário. Um dos Diretores de Comunicação Social do SEERJ (Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro), já publicou em poesia e prosa, “Turbilhão de Símbolos” (2000) e “Surreal Semelhante” (2003), tendo conquistado importantes prêmios literários e de interpretação. Lançou em 2006, seu primeiro ensaio jornalístico, “Sock! Pow! Crash!” – 40 anos da série Batman da TV, pela Opera Graphica Editora – São Paulo. Sua poesia está presente também em dezenas de antologias cariocas.
Jorge Ventura trabalhou em jornais e revistas, assinando artigos e colunas. Dublou novelas e atuou em peças teatrais, além de encenações poéticas e curtas-metragens. Diretor de Criação e redator publicitário, hoje é professor de Comunicação e consultor de marketing de diversas empresas. Nos dois últimos anos tem participado do Congresso Brasileiro de Poesia atuando com o Grupo Simplesmente Poesia.

DE ÁGUA PARA VINHO

© JORGE VENTURA

Chego a saciar a sede ao beber tua noite.
Vinho tinto e rascante nas lentes da taça!
De alegria e carne exponho a boca cheia.
Todos os teus desejos são minha graça.

Mordo as horas, mastigo o tempo.
Descubro em cada gole o teu segredo.
Não querias um Deus junto a ti para brindar?
Alguém, de entre mitos, escolhido a dedo?

Tintim! Ouço o tilintar de nossos corpos,
volúpias derramadas (tua e minha).
A língua saboreia livre sem tomar fôlego.
Os mágicos prazeres vêm das vinhas.

Uma nova safra nasce neste instante.
Velho moinho em que fui trigo e ora pão,
te dou sustento à luz do deslumbramento.
Apresento o milagre da transformação!

Faço da farra e do amor o meu banquete.
Celebro a vida à mesa farta (uvas e nacos).
Nada mais sagrado, nada mais profano:
o Zé-ninguém de ontem é hoje o teu Baco!