ADILIA RIBEIRO QUINTELAS — Nascida a 27 de agosto de 1965, iniciou-se na poesia, aos onze anos, levada pela timidez; na adolescência enveredou pela música, como interprete, tendo participado do Coral da Escola Técnica e grupos de MPB. Bióloga de profissão, chegou a Boa Vista em 1996, onde retomou o caminho da poesia inspirada na cultura e a realidade locais, um mosaico do Brasil, além das belezas naturais muito peculiares. Em Boa Vista a musica e a poesia andaram paralelamente, com participações em festivais, Mostras de Música, como o “Canta Roraima”, realizado pela parceria SESC/Prefeitura de Boa Vista; “Mostra Cultural Macuxi”, realizada pelo SESC com apresentação musical e sarau de poesia, bem como participações na programação da Rádio Monte Roraima com leitura de seus poemas. Reside agora em Florianópolis onde pretende retomar as atividades culturais em breve, assim que seu melhor poema, Isabela, sua filha, permitir.O BARRO
© ADILIA RIBEIRO QUINTELAS
O barro
O barro vermelho
Recobre os pés e o cabelo
Embota as idéias, que viram pedras
O barro emoldurando as ruas
Barro nas minhas mãos e nas tuas
O barro no vento
Nevoeiro vermelho
No ar confuso tua imagem difusa
Quilômetros de estradas de barro
O carro fica vermelho
Até chegar a ti, tão longe
Sobra a estátua, barro que imita o bronze
Mas se desfaz na chuva
Vira rio de lama
Que fica lá parado, secando
Até virar deserto
Mais um dia de espera
Meus poros duros de barro sufocam
O suor tem que atravessar paredes
Lágrimas, nem pensar
O vento começa a soprar
Vai me cobrir de barro
Até eu sumir
Vou virar parte do chão
Vou ser um fóssil
Memória da solidão










