POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

sexta-feira, fevereiro 23, 2007



MARISA LY – nascida em São Paulo, é formada em Odontologia pela Universidade de São Paulo. Reside na cidade de Agudos, com o marido e um casal de filhos. Fez sua estréia no circuito poético brasileiro no Congresso Brasileiro de Poesia, tendo inclusive participado do volume 4 da antologia “Poetas do Brasil”, publicada pelo Proyecto Cultural Sur. Prepara seu livro de estréia e é considerada pelo poeta Artur Gomes como uma das mais gratas surpresas da poesia feminina dos últimos tempos. É presença certa no evento deste ano, em outubro, na cidade de Bento Gonçalves.


PROIBIDO PRA QUEM NÃO PISA NA GRAMA

© MARISA FRANCISCO

Fiz sexo, amor, ontem.
E esforcei-me
em não pensar em ti.

Sem nexo, amor, o sexo.

Pois o nexo, amor, do sexo
não está entre as pernas
mas entre as vírgulas
do que expresso
e mostrou-se
nas lágrimas que verti...



RODOLFO MUANIS - publicou dois livros de poesias: “O Meu Reino de Poemas e Canções” (Editora Papel Virtual, 2000) e “Acaso” (edição do autor, 2003). Desde 2000 tem se apresentado em diversos recitais, espaços culturais, escolas, congressos e festivais falando poemas de sua autoria e também interpretando versos de outros autores. Entre outros, esteve no Congresso Brasileiro de Poesia de Bento Gonçalves, FestCampos de Poesia Falada e eventos de prestígio na cidade do Rio de Janeiro como: Poesia nos Arcos, Panorama da Palavra, Ponte de Versos, Alto-Falante Cultural, Cep 20.000 e Primavera dos Livros. Apresentou e coordenou, em parceria com Jiddu Saldanha, de 2003 até 2004, o “Poesia na Quarta Capa”, mostra de poesia contemporânea que ocupava mensalmente o Espaço Cultural Constituição, no centro do Rio de Janeiro. É formado em Administração de Empresas, professor universitário e atualmente desenvolve uma dissertação de mestrado na Fundação Getúlio Vargas sobre a inclusão social por meio de atividades culturais gratuitas.

O CINEMA PARADISO DA VIDA

© RODOLFO MUANIS

"A vida não é como você viu no cinema.
A vida é mais difícil."
Alfredo, em “Cinema Paradiso”

É a poesia do olhar.
O encanto do menino
pela magia da tela.

O primeiro grande amor,
alumbramentos e beijos
que todos sonhamos para sempre.

Nossa película da vida
rodando todo dia
tornando inesquecíveis
aquelas cenas mais belas
que pedem sempre reprises.

Nos dramas, nas alegrias,
as chuvas de lágrimas, emoções.
Todos já choramos
nas salas escuras de projeções.

E quantas lágrimas já travamos
no ver ao vivo de nossos corações?
E as falsas gargalhadas
de nossas comédias de vidas privadas?

Um dia a luz se acende,
fade out, a tela se apaga.

O cinema, o passado paradiso,
desaba diante dos nossos olhos.

Mas nosso filme jamais sairá de cartaz
na sala de projeções da nossa memória.



HELENA ORTIZ - natural do Rio Grande dos Sul, radicada no Rio de Janeiro, onde organizou o evento semanal de poesia “Panorama da Palavra” durante 4 anos. É editora do jornal de literatura “Panorama da Palavra” e da Editora da Palavra.
Publicou, em poesia: “Pedaço de mim” (T&T Editores, Porto Alegre, 1995), “Margaridas” (Ed. Blocos, RJ, 1997) “Azul e sem sapatos” (Ed. Blocos, RJ, 1997), “Em par” (Editora da Palavra, RJ, 2001) e “Sol sobre o dilúvio” (Editora da Palavra, 2005); em contos: “Contos de Oficina 5” (Ed.AGE, Porto Alegre 1994) e “Mais ao sul do que eu pensava” (Ed AGE, Porto Alegre, 1995).
Tem poemas publicados na revista Continente Sul/Sur, do Instituto Estadual do Livro (Porto Alegre, RS); Cuadernos Montecariocas (Rio de Janeiro / Montevideo/ Barcelona; Bolsa de Arte do Rio de Janeiro; cartões Telemar; Antologia dos poetas contemporâneos do Rio Grande do Sul; na revista Poesia Sempre, da Biblioteca Nacional; revista da Academia Brasileira de Letras; na revista virtual Malabia, da Argentina e na revista Iararana, da Bahia. Fez sua estréia no Congresso Brasileiro de Poesia em 2004.


dilúvio

© HELENA ORTIZ

as águas cobrem as ruas
arrastando tudo

do outro lado junto ao muro
minha mãe. só os olhos
pedem que a recolha

tenho força de mil cavalos
e aquela flor
contra a corrente

tomo minha mãe nos braços
ela se encolhe
aqueço-a em meu colo
e devolvo-lhe o leite



DALMO SARAIVA seu nome completo era Dalmo Saraiva Rocha, mas devido a seus atritos com as pedras, tirou o Rocha de seu nome. Saiu do mato e veio para a cidade em busca de sua segunda sombra, mas logo viu que a felicidade não tem sombra. Formado em Educação Artística e Comunicação Social, tem cursos de teatro no Reator e Cal, ambos no Rio de Janeiro, cidade onde reside. Já publicou “Urubu” e o livreto “Zoiudo foi pro Beleleu”. Publica regularmente o folheto “Feijão com Arroz” e tem pronto pra publicar o livro “Santo de calça não faz vinagre”. Poeta e ator, tem participado dos espetáculos do Grupo “Poesia Simplesmente” e estreou no Congresso Brasileiro de Poesia no ano de 2005. É adorado pelas crianças das escolas de Bento Gonçalves e mora no coração de todos os poetas que o conhecem. Enfim, este é Dalmo Saraiva, antigo da Rocha, o que apagou o fogo e acendeu a tocha.


COMUNHÃO

© DALMO SARAIVA

Ajuntar amigos, não correr perigos;
Deitar no mato, não desafiar o tempo;
Semear a voz, colher palavras;
Cortar o mal, viver o bem;
Andar sem rumo, buscar uma direção;
Fechar os olhos, abrir a visão;
Sentar no deserto, imaginar uma floresta;
Beber a água, irrigar plantações;
Sentir o medo, avançar com coragem;
Se perder no dia, se achar na noite;
Naufragar no mar, descobrir oceanos;
Rasgar o pano, fazer um manto;
Cortar a terra, descobrir o universo;
Unir o verso, formar um poema;
Agrupar crianças, educar os homens;
Apanhar da vida, morrer tranqüilo;
Colher a fruta, plantar a semente;
Filtrar o sono, dormir tranqüilo;
Sonhar com a guerra, acordar em paz.