ÁUREA MIRANDA — Gaúcha de Santana do Livramento e filha de imigrantes portugueses, aprendeu muito cedo a ler, escrever, trabalhar e enfrentar o minuano e as geadas – do clima e da vida. E nos intervalos de todas as jornadas – engraxate, chacareira, auxiliar de geleiro, feirante, secretária de escola, professora e oficial de justiça – sempre escreveu, compôs música, fez teatro e lançou desafios aos animais racionais inoperantes: metade de seu currículo. A outra: amar sempre com muita intensidade.
ECCE HOMO
© ÁUREA MIRANDA
Tantas coisas que o tempo amortalhou – e às tantas
se foi acrescentando o peso da mortalha!...
Cada viagem, um sonho – e um navio que encalha
antes de ver o porto. E vamos lá – que as santas
brisas feitas promessas tecem nova malha
no organismo das almas, produzindo mantas
para esconder o putrefato das infantas
esperanças sem luz, no parto da navalha.
Mas o homem persiste – a humanidade é forte –
e até mesmo resiste a procurar a morte:
a maioria insiste e cumpre os dias seus.
Porque ele sabe, eu creio, que o crucificado
é um signo que veio em cada qual plasmado,
como princípio, meio e fim para ser deus.
1 Comentários:
Abraços. sempre!
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